RIO - O aposentado austríaco Rudolf Lessak, de 80 anos, morreu após ser atropelado no domingo na calçada a poucos metros de sua casa, na Estrada de Jacarepaguá, por Juliana Ferreira Vilela, de 26 anos. Segundo policiais militares que estiveram no local, a jovem não tinha habilitação e estava dirigindo uma picape Nissan Frontier de sua mãe.
O aposentado morava no condomínio Floresta Country Club. Rosane Calazans, mulher de Rudolf, caminhava um pouco à frente, numa ciclovia inaugurada recentemente, e conta que, após bater no meio-fio e capotar no ar, o carro atingiu o idoso, que morreu na hora.
— Estávamos andando de costas para a pista de onde vinha a picape em alta velocidade. Só senti um baque, acredito ter sido do corpo do meu marido, que me atingiu na cintura. Caí no chão e fiquei sem ar. Quando levantei, ainda tonta, vi que ele já estava longe e morto. Foi lançado a uns dez metros do local da colisão — afirmou Rosane.
Mesmo ferida e muito abalada, ela precisou correr atrás da motorista que, depois de sair do veículo, teria fugido na direção contrária.
— Ela mora na mesma rua da gente e aproveitou para ir até a sua casa e trocar de roupa. Provavelmente, não queria que soubessem que estava voltando de uma noitada. Estava maquiada, de salto e saia, às 8h. Fui atrás dela, e segurei no seu braço, pedindo para não omitir socorro. Ela me disse que só voltaria depois de avisar os parentes. Quando voltou à cena, já estava com um short, calçando chinelos — contou Rosane.
Motorista teria alegado que cochilou ao volanteNo relato que Juliana fez aos PMs, ela estaria indo até a padaria do bairro para comprar pão, quando cochilou ao volante, perdendo a direção.
A perícia chegou ao local duas horas depois do atropelamento, para a análise do corpo de Rudolf Lessak, que estava na calçada. A viúva ressaltou que o casal costumava andar dentro do condomínio, mas resolveu mudar a rotina no domingo.
— Eu e Rudolf mantínhamos uma rotina de caminhadas dentro do nosso condomínio. Na primeira vez em que decidimos experimentar andar na ciclovia, aconteceu isso. A dor é muito grande, mas ele sempre dizia que quando ele morresse não queria ninguém chorando. Vou chegar em casa hoje (domingo) e encontrar a mesa do café da manhã que ele deixou arrumada para nós.
Laudo não atesta consumo de bebida alcoólicaFilha de um militar da Marinha que está em viagem, a jovem Juliana Ferreira Vilela esteve no domingo na 32ª DP (Taquara) para prestar depoimento sobre o atropelamento, acompanhada do avô, que não aceitou falar sobre o caso com a imprensa. Segundo o delegado-adjunto Pedro Casaes, o laudo preliminar para ingestão de bebida alcoólica feito na motorista deu negativo. Mas o resultado definitivo do exame só sairá em 30 dias.
Após conversar com o delegado, a advogada da família do austríaco morto, Tatiane Campos, disse ter obtido informações de que o atropelamento seria julgado apenas pelo Código de Trânsito Brasileiro e enquadrado como homicídio culposo de trânsito, sem intenção de matar, o que revoltou a família de Rudolf Lessak.
— Esperamos que a justiça seja feita. Ela foi irresponsável e precisa pagar pelos seus atos. Queremos que o crime seja enquadrado como homicídio doloso (com intenção de matar). Também exigiremos o teste definitivo de consumo de bebida alcoólica. Ela foi fria e calculista e ainda tentou forjar provas. Isso tudo deve ser levado em consideração no processo — alegou a advogada.
Idoso gostava de caminhar ao lado da mulherEsportista de alma aventureira, o austríaco Rudolf vivia no Brasil há mais de quatro décadas. Do primeiro casamento, teve dois filhos que moram fora do país. Amante dos esportes, o aposentado gostava de nadar e era faixa-preta de judô. Mantinha um ritmo de vida saudável. Caminhar ao lado da mulher, com quem vivia há mais de 20 anos, era uma das atividades das quais não abria mão. Há nove anos, o casal decidiu se mudar de Botafogo para viver com mais tranquilidade em Jacarepaguá.
— Ele estava se preparando para chegar aos cem anos, fazia tudo para manter a forma e a saúde, tínhamos muitos planos, mas não nos deixaram realizá-los — desabafou Rosane, que vai sepultar o corpo do marido que era engenheiro, na cidade de Friburgo, como desejava Rudolf.
COLABORARAM: Aline Custódio e Fabiana Paiva, do Extra
materia do jornal extra
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