RIO - Subiu para 12 o número de mortos no deslizamento de terra que atingiu nove casas na localidade de Jamapará, distrito de Sapucaia, no Centro-Sul Fluminense. Só na manhã desta terça-feira foram encontradas mais quatro vítimas do desabamento. Segundo o Corpo de Bombeiros, ainda há mais pessoas desaparecidas.O trabalho de resgate recomeçou no início da manhã com duas retroescavadeiras, e de acordo com o secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, a prioridade neste momento é encontrar os corpos. Ele passou a noite no distrito e já está acompanhando os trabalhos dos bombeiros, na manhã desta terça-feira.
Os corpos das duas últimas vítimas ainda não foram identificados. Segundo a Defesa Civil, o corpo da nona e da décima vítimas da tragédia de Jamapará são de Lívia Gomes, de 22 anos e de sua avó, Glória do Nascimento. Elas estavam com os pais da jovem numa das nove casas destruídas pelo deslizamento. Na segunda-feira foram encontrados os corpos de Luiz Carlos Nassifi, de 40 anos, e sua neta, Ana Maria Costa Bela Nassifi, de 3 anos.
Na manhã desta terça, estão sendo velados, na Igreja de Nossa Senhora do Santana, os corpos do casal Antônio Gomes da Cunha, de 49 anos, Solange Carvalho da Cunha, de 48 anos, e de Thiago Carvalho, de 19 anos, filho do casal. Thiago morava e estudava em Juiz de Fora e estava passando férias na casa dos pais. A irmã Tahiana Carvalho está na Igreja em estado de choque.
O Comandante do Exército e Ministro da Defesa interino, Enzo Martins Peri, e o Secretário Nacional de Defesa Civil, Humberto Vianna, se reuniram na manhã desta terça-feira com o prefeito de Sapucaia, Anderson Zanon, para saberem as necessidades do distrito de Jamapará. De acordo com o Comandante Enzo Peri, o Governo Federal já tem verbas disponíveis para a cidade, mas, segundo ele, o importante agora é sentar e encontrar os desaparecidos. O prefeito Anderson Zanon disse que, por enquanto, o mais urgente são cestas básicas para os desalojados. O secretário Humberto Vianna já está providenciando as cestas. Na noite da segunda-feira, o governador Sérgio Cabral ligou para o prefeito Anderson Zanon, para saber o que seria mais necessário para o regate dos mortos.
A Secretaria estadual de Saúde montou um miniposto de atendimento médico na igreja de Jamapará, perto do local onde ocorreu o mais grave deslizamento de Sapucaia. Além do posto, um Ciep da localidade também está dando suporte aos moradores da região, recebendo os desabrigados. A lista de cadastrados no Programa Saúde da Família vai complementar as informações de moradores para que seja criada uma lista unificada de desaparecidos.
Mais cedo, Zanon disse que todo o distrito de Jamapará está em área de risco de deslizamento. Ele recentemente baixou um decreto, no qual nem a Light nem a Cedae podem fazer serviços em novas ocupações do distrito. Ele afirmou que o município está à espera de verba do Governo Federal para a construção de novas casas e a retirada de famílias de áreas de risco. O prefeito disse que, diante dessa tragédia, vai pedir recursos ao governo estadual:
- Em outro ponto de Jamapará, eu avisei às famílias que haveria deslizamentos. Estas famílias conseguiram ir para o Ciep mais próximo. Mas, no lugar da tragédia, havia casas de pelo menos 60 anos, e nunca ocorreram deslizamentos como esses.
Cerca de 30 bombeiros dos destacamentos de Carmo, Teresópolis, Três Rios e Itaipava foram deslocados para o local. A Polícia Civil estadual também participa do auxílio às vítimas do deslizamento. O Serviço Aeroespacial (Saer) está utilizando o helicóptero Águia 3, para realizar o resgate de feridos por meio de rapel. Além disso, a aeronave transportou equipes do Corpo de Bombeiros para Sapucaia, além de mantimentos e água para as vítimas. Além do Saer, o Departamento Geral de Polícia Técnico-Científica enviou legistas e papiloscopistas para auxiliar no trabalho de identificação dos corpos encontrados no município de Três Rios, no Centro-Sul fluminense, onde temporais vem atingindo a cidade.
O secretário municipal de planejamento e Defesa Civil, Marco Antonio Teixeira, disse que pelo menos 59 famílias (cerca de 150 pessoas) foram retiradas do lugar. A maioria foi realocada para casas de parentes, vizinhos e amigos. Outros permaneceram no Ciep.
- A terra em Japamará é de aluvião, ou seja, é uma terra ruim, que se dissolve facilmente. E contém muitas pedras. Por isso, o risco aqui é grande. Há pelo menos 4 mil pessoas morando no distrito onde temos feito obras de mitigação - disse Teixeira.
Um funcionário da Agência Nacional de Transporte Terrestre, que não quis se identificar, informou que há pelo menos 70 deslizamentos na BR-393. Os buracos já ocupam mais de meia pista nos quilômetros 122 e 126, próximos a Jamapará. A um quilômetro da tragédia, a Defesa Civil montou um ponto de apoio onde há três helicópteros. A chuva aumentou de intensidade e o nível do rio continua a subir. Mais cedo, em entrevista ao RJTV, o secretário de Comunicação de Sapucaia, Sérgio Murilo, disse há notícias de que uma família que se abrigou em um fusca também acabou morrendo durante o deslizamento.
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