SAPUCAIA e CAMPOS - Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, depois de três dias de trabalho, conseguiram encontrar um Fusca no qual cinco pessoas de uma mesma família teriam sido soterradas durante o deslizamento de Jamapará, em Sapucaia, no Centro-Sul Fluminense. Os bombeiros tiveram de usar alicates hidráulicos para romper a lataria do veículo e retirar os cinco corpos. Os bombeiros usaram máscaras devido ao mau cheiro. Com isso sobe para 18 o número de mortos na tragédia, mas autoridades acreditam que ainda há pessoas soterradas no local.
Os trabalhos de resgate recomeçaram na manhã desta quarta-feira, com ajuda de cães farejadores. Na noite de terça-feira, o trabalho teve que ser interrompido devido a um forte temporal que atingiu a região. Nesta manhã, o céu está encoberto mas não chove em Jamapará.
E não bastasse a tragédia, famílias que viviam em 30 casas na mesma encosta, agora desabitadas depois de determinação da prefeitura, queixam-se de furtos.
Para tentar resolver o problema, na madrugada desta quarta-feira, a PM montou um bloqueio na Rua dos Barros, local da tragédia, e pela manhã foi autorizado o acesso dos moradores para a retirada de objetos de valor.
- Consegui salvar alguma coisa, o colchão do quarto, o guarda-roupa. É o jeito. A polícia agora está ficando aqui em cima (na Rua dos Barros). Na terça de noite, um homem da Defesa Civil pegou um rapaz levando o celular que eu tinha deixado para trás. Depois, peguei outra pessoa com a minha bicicleta nas costas. Tive que chamar os amigos para pegar o resto - disse o aposentado Lucimar de Souza, de 48 anos, que morava com a mulher, dois filhos e um enteado que estão na casa de parentes. Lucimar está abrigado no Ciep Luiz Daflon, com outros 203 desalojados e desabrigados.
Com a ajuda de caminhonetes da Defesa Civil estadual, moradores descem com seus pertences da ladeira que dá acesso à rua, ao lado da Igreja de Santana, onde ocorrem os velórios das vítimas do deslizamento. A maioria tenta proteger computadores, estantes, armários e colchões. Outros preferiram também levar objetos de estimação, como brinquedos dos filhos. Ainda houve quem quis salvar os passarinhos, em gaiolas.
- Pediram para o meu filho tomar conta do trinca-ferro de um amigo, mas como ele está na casa da avó, vim pegar o passarinho. Tem um canto bonito, mas ainda é novo e está aprendendo. Até agora, só tirei a carne da geladeira para não dar cheiro, peguei o computador e a TV da sala. Moro aqui há 46 anos, mas não vai dar mais. Já estou ajeitando uma casa nova lá em Além Paraíba - contou o soldador Wanderley de Oliveira Pereira, também abrigado no Ciep, fazendo referência à cidade vizinha, em Minas Gerais, que também teve deslizamentos de terra e enfrenta desabastecimento de água por causa da destruição provocada pelas chuvas.
Vítimas sepultadas em Jamapará
As vítimas do deslizamento em Jamapará começaram a ser enterradas nesta terça-feira. Antes do sepultamento, os corpos de Maria da Glória do Nascimento, de sua neta, Lívia Gomes, e de seu genro, Jorge Luiz, foram levados para a capela para receber a benção do padre, numa cerimônia religiosa que durou pouco mais de dez minutos. O cortejo fúnebre em direção ao cemitério teve que passar em frente ao local da tragédia. Os corpos do casal Antônio Cunha e Solange Carvalho, e do filho deles Thiago de 18 anos também foram sepultados no Cemitério do distrito.
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