quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Bombeiros localizam Fusca onde família se abrigou para escapar de deslizamento



Moradores retiram os seus pertences de suas casas que foram interditadas pela Defesa Civil em Sapucaia
Moradores retiram os seus pertences de suas casas que foram interditadas pela Defesa Civil em Sapucaia Foto: Pablo Jacob / O Globo
Duilo Vitor Aloysio Balbi - O Globo

SAPUCAIA e CAMPOS - Equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, depois de três dias de trabalho, conseguiram encontrar um Fusca no qual cinco pessoas de uma mesma família teriam sido soterradas durante o deslizamento de Jamapará, em Sapucaia, no Centro-Sul Fluminense. Os bombeiros tiveram de usar alicates hidráulicos para romper a lataria do veículo e retirar os cinco corpos. Os bombeiros usaram máscaras devido ao mau cheiro. Com isso sobe para 18 o número de mortos na tragédia, mas autoridades acreditam que ainda há pessoas soterradas no local.
Os trabalhos de resgate recomeçaram na manhã desta quarta-feira, com ajuda de cães farejadores. Na noite de terça-feira, o trabalho teve que ser interrompido devido a um forte temporal que atingiu a região. Nesta manhã, o céu está encoberto mas não chove em Jamapará.
E não bastasse a tragédia, famílias que viviam em 30 casas na mesma encosta, agora desabitadas depois de determinação da prefeitura, queixam-se de furtos.
Para tentar resolver o problema, na madrugada desta quarta-feira, a PM montou um bloqueio na Rua dos Barros, local da tragédia, e pela manhã foi autorizado o acesso dos moradores para a retirada de objetos de valor.
- Consegui salvar alguma coisa, o colchão do quarto, o guarda-roupa. É o jeito. A polícia agora está ficando aqui em cima (na Rua dos Barros). Na terça de noite, um homem da Defesa Civil pegou um rapaz levando o celular que eu tinha deixado para trás. Depois, peguei outra pessoa com a minha bicicleta nas costas. Tive que chamar os amigos para pegar o resto - disse o aposentado Lucimar de Souza, de 48 anos, que morava com a mulher, dois filhos e um enteado que estão na casa de parentes. Lucimar está abrigado no Ciep Luiz Daflon, com outros 203 desalojados e desabrigados.
Com a ajuda de caminhonetes da Defesa Civil estadual, moradores descem com seus pertences da ladeira que dá acesso à rua, ao lado da Igreja de Santana, onde ocorrem os velórios das vítimas do deslizamento. A maioria tenta proteger computadores, estantes, armários e colchões. Outros preferiram também levar objetos de estimação, como brinquedos dos filhos. Ainda houve quem quis salvar os passarinhos, em gaiolas.
- Pediram para o meu filho tomar conta do trinca-ferro de um amigo, mas como ele está na casa da avó, vim pegar o passarinho. Tem um canto bonito, mas ainda é novo e está aprendendo. Até agora, só tirei a carne da geladeira para não dar cheiro, peguei o computador e a TV da sala. Moro aqui há 46 anos, mas não vai dar mais. Já estou ajeitando uma casa nova lá em Além Paraíba - contou o soldador Wanderley de Oliveira Pereira, também abrigado no Ciep, fazendo referência à cidade vizinha, em Minas Gerais, que também teve deslizamentos de terra e enfrenta desabastecimento de água por causa da destruição provocada pelas chuvas.
Vítimas sepultadas em Jamapará
As vítimas do deslizamento em Jamapará começaram a ser enterradas nesta terça-feira. Antes do sepultamento, os corpos de Maria da Glória do Nascimento, de sua neta, Lívia Gomes, e de seu genro, Jorge Luiz, foram levados para a capela para receber a benção do padre, numa cerimônia religiosa que durou pouco mais de dez minutos. O cortejo fúnebre em direção ao cemitério teve que passar em frente ao local da tragédia. Os corpos do casal Antônio Cunha e Solange Carvalho, e do filho deles Thiago de 18 anos também foram sepultados no Cemitério do distrito.


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